Etcéteras

 


JUNHO/2024 - BLOGDOROBINHO

Durante minha jornada como educador, testemunhei uma mudança sutil, porém significativa, no tecido da linguagem dos alunos. Gradualmente, eles parecem ter abdicado da linguagem culta em favor de uma abordagem simplificada e desprovida de nuances acadêmicas. É como se fosse necessário um exército de "etcéteras" para desvendar contextos que antes eram simples.

Assim, surge uma indagação essencial: o que é conhecimento senão uma rede intricada de exemplos, categorias e definições?

Aristóteles, em sua incessante busca pela essência do mundo, talvez sorrisse ao observar um jovem aluno transformar a complexidade do universo em uma mera lista genérica, seguida pelo poderoso "etcétera".

Entretanto, como em toda grande jornada, há um preço a ser pago. Enquanto essa abordagem alivia o estudante da obrigação de memorizar e categorizar, ela também obscurece o caminho em direção a uma compreensão verdadeiramente profunda. Como os antigos céticos, que questionavam a validade de todo conhecimento absoluto, esse aluno parece duvidar da necessidade de se aprofundar nos detalhes.

A sociedade se vê enredada pelo "etcétera", aprisionada em um ciclo incessante de simplificação e superficialidade. Onde outrora havia uma busca fervorosa pela excelência linguística, agora testemunhamos a ascensão da mediocridade, onde palavras corriqueiras são relegadas em favor de uma única palavra onipotente.

No entanto, há uma lição a ser aprendida aqui, uma verdade que se desvela entre as entrelinhas: o verdadeiro conhecimento não reside na simplificação, mas sim na exploração profunda e na apreciação das sutilezas. Como Sócrates tão sabiamente nos ensinou, é na incessante busca pelo entendimento que encontramos a verdadeira essência do ser.

Enquanto reconhecemos que a simplicidade tem seu lugar, é na complexidade que descobrimos a verdadeira riqueza da experiência humana.

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