A Árvore de Natal

 


Na praça principal da cidade, a imponente árvore de Natal erguia-se majestosamente, capturando todos os olhares. Suas lâmpadas de LED multicoloridas piscavam em compasso, criando uma sensação de movimento hipnotizante. Enquanto as pessoas contemplavam aquele objeto, uma dualidade pairava no ar.

Alguns agradeciam pelo ano produtivo, imersos na gratidão, enquanto outros lamentavam que o ano não tinha sido tão generoso. As decorações natalinas, a cada ano, adquiriam mais artefatos tecnológicos, como se o brilho intenso pudesse compensar as vicissitudes da vida. Era como se quanto maior o impacto causado pelas luzes coloridas, mais as pessoas estivessem dispostas a aceitar as mazelas sociais.

Para muitos religiosos, a árvore representava um símbolo de agradecimento e esperança, uma figura religiosa nascida para reconstruir moralmente a humanidade. E assim, a tradição se repetia ano após ano, centenas de pessoas passando pela praça, admirando a árvore da reflexão.

Entretanto, poucos percebiam que, na mesma pracinha onde a árvore exuberante se erguia, um acampamento de moradores de rua enfrentava todas as mazelas sociais. Naquele cenário indigno para a espécie humana, seres que, por trágicas circunstâncias, não conseguiram progredir na vida, viviam à margem da sociedade.

De frente para a grande árvore de Natal, que simbolizava vida em abundância, ninguém percebia o horror do descaso com o ser humano. Enquanto a cidade se encantava com o esplendor festivo, um contraste chocante persistia nas sombras da mesma praça, onde vidas frágeis enfrentavam a dura realidade do abandono social. E assim, sob a luz resplandecente da árvore de Natal, a dualidade da sociedade revelava-se, um contraste entre a celebração e o sofrimento silencioso que muitos preferiam ignorar.

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