Era um dia ensolarado e alegre,
daqueles que dão vontade de sair da cama com um sorriso, mas para os alunos da
escola era o dia de uma emocionante excursão à misteriosa fábrica de
chocolates. Alguns deles estavam tão empolgados que já esperavam pelo ônibus no
pátio desde o amanhecer.
O ônibus, quando finalmente
apareceu, não parecia em nada uma viagem educativa. Os alunos cantavam e
dançavam nas poltronas, como se estivessem em uma boate sobre rodas, ignorando
completamente o propósito pedagógico do passeio.
Chegando à fábrica, eles vestiram
os equipamentos higiênicos e de segurança e assistiram a uma série de vídeos
informativos, parte do chato cronograma burocrático que antecedia o momento
mais aguardado.
Divididos em grupos, começaram a
explorar as instalações da fábrica. Toneladas de chocolates circulando por
tubos sinuosos parecendo ficção científica. Coberturas descendo dos “céus”,
tudo isso era como entrar no mundo de Willy Wonka. A cada esquina havia uma
parada para degustar as delícias que saíam das máquinas. Os alunos comiam como
se tivessem múltiplos pâncreas, desafiando a digestão e o bom senso.
Mas aquele dia era único. Seria
justo deixar a máquina humana de prontidão para que aqueles meninos pudessem se
esbaldar naquele caudaloso ébano rio dos prazeres!
De volta ao ônibus, o frenesi se
transformou em uma sonolenta digestão. A maioria dos alunos cochilava nas
cadeiras, mas um deles estava muito inquieto. Quando questionado sobre o que
aconteceu, ele revelou o verdadeiro motivo de sua agitação:
- Professor, estamos perto de um
posto de gasolina? Preciso ir ao banheiro!
Foi aí que ele percebeu que o ônibus não tinha sanitário!
A resposta do professor indicava
que ainda faltavam cerca de 20 quilômetros, mas o garoto optou por esperar.
Ele, corajosamente, manteve a calma enquanto monitorava constantemente seu
estado.
Finalmente, o alívio chegou
quando pararam em um posto de gasolina. O aluno saiu disparado à procura do
banheiro, e o professor esperou, pacientemente, no ônibus.
Mas o que se seguiu foi um
episódio inacreditável. O aluno demorava demais, então o professor decidiu
investigar. Abriu a porta do banheiro e...
- Professor, me ajude, por favor!
Veja como estou! - Disse o aluno.
O garoto tinha conseguido sujar
sua roupa do tênis até a altura do peito. Pensei: "como conseguiu sujar a
camisa?". Devia ter ocorrido o fenômeno da capilaridade ou a ação da força de Van
Der Waals (aprendi isso na faculdade). No entanto, lembro que isso só acontecia com as
plantas. Na verdade, não sabia quais forças estranhas fizeram aquele líquido
fétido subir tanto.
Enquanto todas as células do
professor pediam para ele rir da cena bizarra, ele se lembrou de sua missão de
resgatar o aluno de uma situação constrangedora. Mais de 30 colegas estavam
prontos para ridicularizá-lo no ônibus.
E tinha que ser rápido, mas o que fazer diante de
tamanha “calamidade”?
O professor perguntou:
- Você tem outra roupa no ônibus?
Ele disse:
- Não professor! E agora, como vou sair daqui!? Meu Deus! Meu Deus!
Disse para que se acalmasse, que iria pensar numa saída.
- Fique aí um pouquinho! Eu tenho um plano!
O professor voltou ao ônibus:
- Meninos, nosso colega teve uma
reação ruim ao chocolate e acabou vomitando sobre si mesmo. Alguém tem uma
bermuda e uma camisa sobressalente para emprestar?
Um dos aluno vestia duas bermudas, uma por cima da
outra. Não entendi por que ele tinha esse costume! Acho que pode ter sido um
"milagre". Afinal, era a única bermuda sobrando que havia naquele
ônibus!
De volta ao banheiro, o professor
entregou as roupas limpas ao aluno:
- Agora, você precisa de um banho -
disse o professor.
No entanto, o chuveiro ficava do
outro lado do posto de gasolina, e o aluno teria que passar em frente a uma
loja de conveniência. O professor agiu como um guarda-costas, escoltando o
aluno até o chuveiro. Enquanto o aluno tomava banho, o professor conversou com
o dono do posto sobre a "tragédia" e conseguiu um saco para guardar
as roupas sujas.
Finalmente, o aluno saiu do
banheiro cheiroso e limpo, e todos no ônibus comemoraram. Parecia que a crise
estava resolvida.
Mas, como diz o ditado, "a máquina
mais perfeita um dia falha", e nesse caso, o dia ainda reservava mais surpresas.
- Professor, falta muito para
chegar em outro posto de gasolina? Estou precisando ir ao banheiro novamente. - Perguntou o menino.
Tudo de novo. O professor pensou:
por que não fomos visitar uma plantação de bananas ou de goiabas?
Um novo plano teve que ser
colocado em ação. O professor afirmou que o aluno estava passando mal novamente
e precisava parar. Pegou um rolo de papel higiênico e saíram do ônibus.
Desta vez, eles se aventuraram na
natureza, encontraram uma sombra sob um pé de mamona. O aluno, aliviado,
agradeceu por ter sido poupado de outra situação constrangedora.
No entanto, quando estavam quase
chegando ao destino, uma corrente de ar desagradável se espalhou pelo ônibus,
fazendo todos se perguntarem o que estava acontecendo. O professor pensou na
lei de Murphy, na terceira etapa do plano, mas, para surpresa de todos, o aluno
apontou com o dedo e explicou que era apenas um "escape" natural.
E assim terminou o dia na
"fantástica" fábrica de chocolates, repleto de incidentes inesperados
e reviravoltas engraçadas, provando que, às vezes, a vida imita a comédia mais
do que a ficção. O professor se sentiu como um super-herói, mas também aprendeu
que o imprevisível é a parte mais intrigante de qualquer aventura educativa.
Um comentário:
Muito boa! Eu, no lugar do professor, entraria em desespero!
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